Quem convive com
gatos sabe: eles têm inteligência e personalidade. Essas características, que
eram consideradas exclusivas dos humanos, foram constatadas nos gatos por
estudos e pesquisas feitos por cientistas nas últimas décadas. A maioria dos
trabalhos ocorreu na Inglaterra, onde grande parte da população adora esses
felinos. O objetivo foi identificar o que determina a personalidade dos gatos e
como ela é influenciada pelo meio em que vivem.
Com o intuito de
simplificar o entendimento, o renomado cientista britânico
Bradshaw
sugere agrupar em quatro categorias os tipos de personalidade dos gatos:
1. Gato comunicativo
(por meio de miados) ou silencioso:
define-se pela
freqüência de miados emitidos e pelas ocasiões em que eles ocorrem. Alguns gatos
miam raramente. Outros são extremamente “comunicativos”.
2. Gato alerta ou
desatento a novos estímulos:
levam-se em conta as
reações a qualquer barulho ou estímulo. O gato alerta reage a tudo o que
acontece à sua volta.
3. Gato amigável ou
não amigável:
observam-se as
reações do gato a pessoas e a outros animais com os quais tenha sido
sociabilizado.
4. Gato curioso ou
não curioso:
conclui-se verificando a reação às novidades. O gato curioso examina tudo que é
novo. A curiosidade dos gatos medrosos se torna mais evidente depois que o medo
passou.
Um estudo sobre a
personalidade de 1.853 gatos britânicos,
feito pela The UK's Feline Advisory Bureau (FAB), constatou que:
·
16%
deles gostam de andar de carro e 50% odeiam!
·
cerca
de 80% gostam de cat nip (erva do gato).
·
44%
buscam e devolvem bolinhas, brinquedos e outros objetos atirados por seus
proprietários.
Será que os gatos
brasileiros são diferentes dos britânicos? Provavelmente sim. Basta haver uma
participação diferente das raças no total da população de gatos e os resultados
estatísticos mudam. Além disso, fatores como a genética e a maneira de criar
podem influir na variação, já que esses dois componentes estão sujeitos a
peculiaridades locais.
Influência genética
Gatinhos criados de
modo idêntico podem ter personalidades completamente diferentes. A predisposição
para interpretar experiências e acontecimentos nasce com o gato, ou seja, sofre
influência genética bastante expressiva. Se um exemplar medroso e
introvertido pode considerar péssima a experiência de ser cheirado por um cão,
outro, curioso e extrovertido, pode achá-la agradável. Embora ambos tenham
passado pelo mesmo acontecimento, o exemplar extrovertido associará o cão a algo
positivo enquanto que o medroso o associará a algo negativo. A memória formada
por esse acontecimento atuará, portanto, de maneira diferente sobre a
personalidade de cada um desses felinos.
Influência da criação
As maiores mudanças
da personalidade do gato acontecem em determinadas fases da infância, quando ele
fica mais sensível para o aprendizado. Por exemplo, o filhotinho observa as
reações da mãe e tende a “copiá-las”. Entre as duas e as oito semanas de vida,
vem o período da sociabilização primária, no qual há muita influência do meio
ambiente e da maneira como ocorre a relação com as pessoas e os animais. É comum
que, depois de terminada essa etapa, o gato passe a evitar as situações novas e
demonstre estresse em ambientes desconhecidos. Mas a formação da personalidade é
um processo contínuo, durante toda a vida. Pode bastar uma única experiência
aterrorizante,
ocorrida em qualquer fase, para haver uma alteração marcante da personalidade.
Por que os gatos têm
personalidade?
Às vezes os gatos são
adorados pelas pessoas, às vezes são odiados. Há situações em que eles precisam
proteger a área de caça e outras em que precisam compartilhar o alimento
abundante. O tipo de personalidade, vantajoso em um ambiente, pode ser péssimo
em outro. Por exemplo, um gato territorialista e “anti-social” garante com
poucas brigas a área de caça numa mata, o que pode ser extremamente vantajoso.
Mas, num lugar superpovoado por gatos e com alimento à disposição, tentar
expulsar os demais será perda de tempo, de energia e de saúde.
Adaptar-se a
situações extremamente diversas sempre foi uma necessidade dos gatos. Graças às
diferentes personalidades, em cada ninhada há maior possibilidade de pelo menos
um dos irmãos vir a se adaptar bem à vida que o futuro lhes reserva.
Texto do site Cães e Cia com explicações de Alexandre Rossi.
Adaptação e imagens selecionadas por Hapiness of Animals.
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